PAPA BENTO XVI E A PEDOFILIA


Não é mais um segredo de Estado do Vaticano que uma das razões da renúncia do Bento XVI, que surpreendeu o mundo em 16 de fevereiro de 2013, foi uma avalanche de denúncias de pedofilia praticada por membros do clero da igreja católica. Em várias ocasiões, ele chegou a pedir perdão às vítimas, apesar de ter recebido muitas críticas. Antes de se tornar papa, em 2005, o cardeal alemão Joseph Aloisius  Ratzinger, então superior da Congregação para a Doutrina da Fé, centralizou a análise e julgamentos de todas as acusações de abuso sexual contra a igreja, que não eram poucas. O jurista britânico Geoffrey Robertson, uma das maiores autoridades no assunto chega a dizer no documentário “Minha Culpa”: Silêncio na Casa de Deus que nenhum outro homem na face da Terra sabia tanto sobre crimes de pedofilia quanto o cardeal Ratzinger. As denúncias explodiram nos EUA a partir de 6 de janeiro de 2002, dia em que o jornal Boston Globe publicou a manchete: “Igreja permitiu que padre praticasse abuso durante anos”.  A notícia dizia que mais de 130 pessoas vinham denunciando desde a metade da década de 1990 os abusos cometidos por cerca de 30 anos, em seis paróquias de Boston, pelo ex-padre John Jay Geoghan. Mas o caso mais explosivo por lá foi o do padre Lawrence Murphy, acusado de abusar de cerca de duzentos meninos surdos. Em seu livro O Papa é Culpado?, de 2011, Robertson diz que a igreja católica, nos Estados Unidos, pagou mais de 1,6 milhões de dólares em acordos judiciais com vítimas da pedofilia com padres. Cerca de uma dezena de dioceses em cidades americanas pediram falência, diante das enormes quantias em dinheiro que teriam que desembolsar para tentar reparar os crimes cometidos por alguns de seus pregadores. 

Geoffrey Robertson cita um estudo encomendado em 2002 pela Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, que revela que muitos abusadores fizeram diversas vítimas ou cometeram abusos por um longo período de tempo. Grande parte dessas vítimas tinha de onze a quatorze anos de idade (16% tinha de oito a dez, e 6% tinha menos de sete anos) e a ampla maioria era de garotos. Os atos sexuais variam desde a masturbação até o sexo oral e sodomia, e em geral eram cometidos na residência paroquial, dentro da igreja ou nas salas de catequese. [...] As táticas de persuasão incluíam intimidação emocional, “manipulação espiritual”, (promessas de absolvição, por exemplo) e até chantagens (ameaças de condenação ao inferno caso o “nosso segredo seja revelado”, o que pode ser uma forte ameaça para crianças quando feita por um padre e, no caso de muitos jovens ensinados a ver o sacerdote como um agente divino, frase como “confie em mim, você não irá para o inferno porque eu sou padre”, acabam conquistando sua obediência).


Fonte: O Papa é Culpado?, L&PM, 2011Imagem: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica


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