A primeira substância com propriedade diurética foi utilizada por Paracelsus no século XVI, representada pelos compostos mercuriais. No entanto, seu mecanismo de ação só foi esclarecido posteriormente por Gouaterts, no ano de 1928, e mais tarde, por Bartram. No ano de 1950, foi sintetizada a acetazolamida, cuja ação diurética já havia sido observada desde 1938; em 1957 foi sintetizada a cloratiazida, que além de possuir a ação diurética mais potente, também era responsável por maior excreção urinária de cloreto.
Os medicamentos Diuréticos têm a função de auxiliar a liberação do excesso de sódio e de água do organismo humano. Funcionam fazendo com que os rins eliminem mais sódio pela urina, o sódio por sua vez retira água do sangue dessa forma a uma redução na quantidade de líquido dos vasos sangüíneos, o que reduz a pressão nas paredes das artérias.
Os diuréticos são utilizados para tratar a pressão alta e o acúmulo de líquido no corpo que ocorre em algumas doenças, como insuficiência cardíaca congestiva, doença hepática e doença renal. Eles devem ser prescritos em conjunto com dietas de baixo teor de sódio e com mudanças no estilo de vida.
As doenças mais comuns tratadas pelos diuréticos são:
· Pressão alta - muitos pacientes com pressão alta (hipertensão) são tratados com diuréticos. O tratamento é particularmente eficaz quando combinado com dietas de baixo teor de sódio. Os diuréticos agem para diminuir a pressão arterial, primeiramente reduzindo o volume do sangue; entretanto, alguns diuréticos podem diminuir a pressão arterial de outras maneiras e em doses menores do que as necessárias para causar um aumento da produção de urina.
· Insuficiência cardíaca - reduzindo o excesso de líquido do corpo, os diuréticos podem aliviar os edemas (inchaços por excesso de líquidos) que comumente ocorrem na insuficiência cardíaca. Muitos pacientes com insuficiência cardíaca são tratados com diuréticos e com uma dieta com baixo teor de sódio. É importante para os pacientes com insuficiência cardíaca que tomam diuréticos terem os níveis de sal (eletrólito) cuidadosamente monitorados. Pacientes com insuficiência cardíaca que utilizam diuréticos terão que utilizar medicamentos para o resto de suas vidas.
· Insuficiência renal - os diuréticos são utilizados para tratar pacientes cujos rins não funcionam normalmente, embora, às vezes, eles também possam piorar o funcionamento dos rins.
· Doença hepática - os diuréticos podem ajudar no tratamento das doenças hepáticas quando há acúmulo líquido no abdômen.
· Hipercalcemia - os diuréticos podem tratar os níveis excessivos de cálcio no sangue.
· Diabetes insipidus - essa doença é caracterizada por sede excessiva e eliminação de grandes quantidades de urina. Alguns tipos de diuréticos diminuem o volume da urina nesses pacientes.
· Glaucoma - alguns diuréticos podem ser utilizados para tratar essa doença ocular, em que a pressão aumentada no interior do olho causa danos e perda gradual da visão.
· Edema cerebral - alguns diuréticos podem tratar o inchaço potencialmente fatal do cérebro causado por hemorragia, trauma, doença ou cirurgia. (FERGUSON, 2011, [s.p.])
2.0 Diuréticos.
Atualmente são conhecidas seis classes de diuréticos:
2.1 COMPOSTOS ORGANOMERCURIAIS
R – CH2 – CH – CH2 – HG – X
I
O
Diuréticos organomercuriais
Compostos derivados do mercúripropanol, entre eles o meraluride, mercurofilina, mersalil, meretoxilina, mercumatilina, mercaptomerina e clormerodrina. Embora pouco utilizado devido aso seus efeitos colaterais esse diurético é mais bem absorvido se administrado pela via parenteral.
Poucos destes compostos são filtrados pelos rins, pois se ligam fortemente às proteínas plasmáticas. A secreção tubular é a principal forma de eliminação dos mercuriais. Quando administrado por via oral, sua ação se inicia dentre de 1 a 2 horas depois de ingerido, atingindo o pico de ação dentro de 6 a 7 horas.
2.2 INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA
O primeiro composto reconhecido nessa classe como diurético foi a sulfanilamida. Contudo devido à grande excreção de bicarbonato urinário o paciente desenvolvia acidose metabólica. Outros inibidores de Anidrase Carbônica foram sintetizados, após pesquisas e que possuem substâncias com atividade inibitória muitas vezes maior do que a sulfanilamida, como a: acetazolamida, a etoxzolamida, a diclorfenamida e a metozolamida.
A acetazolamida é rapidamente absorvida pela via oral, atingindo a concentração plasmática em 2 horas, sendo que o efeito máximo é observado entre 6 e 8 horas após sua administração, através do rim, por mecanismo de secreção ativa. (FERGUSON, 2011, [s. p.])
acetazolamida
2.3 DIURÉTICOS DE ALÇA (SALURÉTICOS POTENTES)
Possuem as características químicas dos derivados tiazínicos, no entanto, é considerado separadamente, devido à sua maior potência como diurético salurético. Os principais diuréticos pertencentes a este grupo são: etacrínico, a furosemida e a bumetanida facilmente absorvidos quando administrados por via oral.
Tiazínicos
A furosemida é um ácido fraco, que liga-se às proteínas plasmáticas, sendo apenas uma pequena parte metabolizada e a outra, secretada através das células dos túbulos contorcidos proximais. Apresenta sítio de ação efetiva quando administrada por via intravenosa. Tanto a furosemida quanto o ácido etacrínico são eliminados através da urina e das fezes.
Furosemida
Particularmente para a furosemida, a ação após sua administração intravenosa se inicia em 30 minutos e o efeito dura por 2 a 3 horas. Já quando administrada por via oral, o medicamento só passa a surtir efeito após 1 a 2 horas, podendo persistir por até 4 horas.
2.4 TIAZÍDICOS E ANÁLOGOS (SALURÉTICOS MODERADOS)
Os tiazídicos foram criados para substituir os inibidores da anidrase carbônica em busca de remédios com um grau de ação mais potente. Este fármaco provoca a excreção do cloreto, acompanhado do sódio e do potássio, em vez do bicarbonato.
Tiazídicos
Inibem o transportador de Na+/Cl-, codificado pela gente SLC12A3, das células tubulares distais. Diminuem assim a reabsorção de sal e água associada. Aumentam a excreção de íon magnésio.
Dentro do grupo dos tiazídicos, encontram-se os seguintes diuréticos: hidroclorotiazida, flumetiazida, benzotiazida, hidroflumetiazida, triclormetazida, ciclopentazida, ciclotiazida, bendrofluatiazida, metilclotiazida e politiazida.
Apresentam ação tanto pela administração oral, quanto pela via intravenosa, sendo que a via oral é mais efetiva, pois sua absorção é mais lenta e, em consequência, não é eliminada rapidamente pelos rins. Em geral, estes compostos sofrem biotransformação hepática, eliminação hepática e principalmente renal.
2.5 DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO
Este fármaco foi criado com o objetivo de minimizar a perda de potássio, causada principalmente pelos diuréticos de alça. A espironolactona é o principal representante do grupo dos antagonistas da aldosterona e o triantereno e a amilorida apresentam mecanismos de ação que não envolve a competição com a aldosterona.
A absorção da espironolactona acontece pela via oral; o triantereno também é absorvido pela via oral, no entanto, em quantidades que variam , sendo eliminado através da filtração glomerular e secreção tubular. A amilorida é administrada tanto por via oral quanto pela via parenteral.
Furosemida
2.6 DIURÉTICOS OSMÓTICOS
Os Diuréticos osmóticos são um grupo de fármacos diuréticos atuantes no rim, eles aumentam o volume e diminuiem a concentração da urina. Alteram as forças osmóticas ao longo do néfron, inibindo a reabsorção de solutos e água. Como exemplo de diuréticos osmóticos pode citar o Manitol.
Em altas concentrações, a glicose (diabetes mellitus) e a uréia (uremia) podem agir como diuréticos osmóticos. Chegam ao túbulo por filtração glomerular e praticamente não são reabsorvidos. Eles alteram a reabsorção em segmentos muito permeáveis à água, como o túbulo proximal e a parte delgada da porção descendente da alça de Henle.
São substâncias inertes hidrofílicas que são absorvidas para o sangue passando para o filtrado glomerular no rim. Como não é absorvida pelas células tubulares sua presença cria pressão osmótica dentro do túbulo, impedindo a água de ser reabsorvida passivamente.
O diurético osmótico manitol é uma droga amplamente utilizada em neurocirurgia e neurologia a fim de diminuir a pressão intracraniana e melhorar a microcirculação cerebral. As teorias sobre seu mecanismo de ação são revisadas: gradiente osmótico pela barreira hematoencefálica, auto-regulaçäo vascular e neutralizaçäo dos radicais livres do oxigênio.
Sua posologia é empírica, segunda a experiência própria de cada autor. O conhecimento dos critérios básicos para o uso do manitol e de sua reposiçäo hidreletrolítica é fundamental para a manutençäo da osmolaridade sérica em valores terapêuticos (AU)
![Manitol (JL05)](file:///C:/DOCUME~1/Syr/CONFIG~1/Temp/msohtml1/01/clip_image009.jpg)
Substânia branca (pó cristalino ou grânulos macios), inodora, de sabor doce, facilmete solúvel em água.
Teofilia
A teofilina exerce efeito diurético suave e aumenta o rendimento cardíaco e o fluxo sanguíneo coronariano. Seu principal emprego atual, porém, e no tratamento da asma, devido à sua ação bronco dilatadora.
Hidroclorotiazida
A hidroclorotiazida pertence ao grupo dos saluréticos e atua no tubulo distal do nefron a nível do cotransportador sensível das tiazidas (TSC) que é um canal de simporte Na+/Cl-. Deste modo há uma maior excreção de NaCl e de água (por efeito osmótico). Esta perda de água aumenta a diurese e diminuí o volume líquido extracelular e consequentemente baixa a pressão sanguínea.
Furosemida
O fármaco furosemida, também conhecido pelo nome comercial Lasix®, é um medicamento da classe dos diuréticos da alça que atua na Alça de Henle, que aumentam de forma intensa a excreção de urina e sódio pelo organismo. A sua principal utilização é na remoção de edema causado por problemas cardíacos, hepáticos ou renais.
De acordo com Ferguson (2011) o efeito colateral mais comum associado aos diuréticos é a perda de potássio. Os poupadores de potássio são uma exceção visto que todos os diuréticos podem causar perda de potássio.
A perda de potássio quando não tratada, aumenta o risco de alterações do ritmo cardíaco que podem ser muito graves. Tomar um suplemento de potássio ou ingerir alimentos ricos em potássio pode ajudar a manter os níveis saudáveis de potássio.
Diuréticos para eliminação de potássio têm seus próprios riscos, que incluem altos níveis de potássio em pessoas que já possuem esses níveis elevados ou naquelas com algum grau de insuficiência renal. Como efeitos colaterais podem-se citar:
ü Diurese frequente - esse é um efeito colateral comum dos diuréticos e é geralmente sentido por até seis horas após a ingestão da dose.
ü Tontura e fraqueza - dois sintomas que podem afetar especialmente os idosos, mas geralmente desaparecem após o período de ajuste.
ü Cãibras - efeito colateral relacionado aos baixos níveis de potássio.
ü Desidratação - pode causar tontura, sede, ressecamento excessivo da boca, urina escura ou constipação.
ü Irritações na pele - podem surgir, mas são raras.
ü Perda de apetite e vômitos - efeitos colaterais que podem estar relacionados aos baixos níveis de potássio.
As pessoas Idosas tendem a apresentar maior frequência e intensidade de efeitos colaterais, tais como delírios, tonturas e desmaios. Eles também estão mais suscetíveis à desidratação, à diminuição do volume de sangue e à deficiência de cálcio, potássio, sódio e magnésio.
Concluão.
Concluão.
Os diuréticos são fármacos que tem sua atuação nos rins, sua ação principal é aumentar o volume do fluxo urinário. Outra ação importante é a eliminação de eletrólitos como o sódio e o cloro, sendo usado no tratamento da hipertensão, arterial, insuficiência renal, insuficiência cardíaca ou cirrose hepática.
Com a perda do sódio, provoca uma redução do liquido extracelular. Principais grupos de diurético são; Diuréticos poupadores do potássio, inibidores da anidrose carbônica e diurética osmóticos.
- Os diuréticos de alça removem uma grande quantidade de sódio dos rins, produzem o aumento do fluxo urinário e são mais poderosos do que os tiazídicos. São utilizados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e também são especialmente úteis em emergências.
- Os tiazídicos aumentam moderadamente a eliminação de urina e são os únicos diuréticos que também agem como vasodilatadores sanguíneos, o que também ajuda a diminuir a pressão arterial.
- Diuréticos poupadores do potássio são frequentemente utilizados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e são quase sempre prescritos em conjunto com diuréticos de alça e diuréticos tiazídicos.
- Inibidores da anidrase carbônica agem nas células dos túbulos proximais.
- Diuréticos osmóticos são compostos de substâncias hidrofílicas que retêm água por pressão osmótica.
O tratamento é particularmente eficaz quando combinado com dietas de baixo teor de sódio. Os diuréticos agem para diminuir a pressão arterial, primeiramente reduzindo o volume do sangue; entretanto, alguns diuréticos podem diminuir a pressão arterial de outras maneiras e em doses menores do que as necessárias para causar um aumento da produção de urina.
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATLOUN, M., Diuréticos, Rev Bras Hipertens vol.16(4):211-214, 2009.
JILL FERGUSON, PhD.. "HowStuffWorks - Como funcionam os diuréticos". Publicado em 24 de janeiro de 2008 (atualizado em 27 de maio de 2008) http://saude.hsw.uol.com.br/diureticos.htm (17 de maio de 2011)
E.J.CRAGOE, Ed., Diuretic Agents, American Chemical Societ , Washington , D. C., 1978.
L.L. SAKALETZKY et al., Clin. Pharmacol. Ther., 7, 196 (1966).
J,J. GODFROID, Chim. Ther., 3, 376 (1968).
H.J. LARAGH, Ann. Intern. Med., 67,606 (1967).
A. F. LANT et al., Clin. Pharmacol. Ther., 7, 196(1966).
J. HAMBURGER et al., Eds., Nephology, Wiley
Interscience, New York , 1979
P.J.CANNON,N. Engl.J. Med., 296, 26 (1972).
B.R. RENNICK, Annu. Rev. Pharmacol., 12 141 (1972).
J.ORLOFF e M. BURG, Annu.Rev. Physiol., 33,83 (1971).
D.W.SELDIN, Ed., “Symposium: The Physiology of Diuretic Agents”, Ann N.Y. Acad. Sci., 139, 273-539 (1966).
Nenhum comentário:
Postar um comentário